terça-feira, 21 de maio de 2019

O BLOG “HERANÇA BATISTA PACTUAL”


     Este blog nasce do desejo de três irmãos em Cristo de escrever, como tema principal, sobre história e teologia batista reformada e pactual, não com um viés anacrônico e, portanto, desprovido de aplicabilidade; ignorando os tempos históricos e reproduzindo tudo, inclusive os erros que porventura foram cometidos ao longo da história batista, mas tentando aprender com o que foi produzido pelos teólogos do passado.
        Não entendemos, portanto, que a teologia produzida no passado é inerrante ou infalível, somente a Escritura goza de tal status, pois tem como fonte o próprio, eterno e imutável Deus. Também não achamos que a teologia produzida hoje, deve ser desprezada ou ignorada, não; ambas as posturas devem ser evitadas, pois o Senhor ilumina a sua igreja dia a dia para que a mesma possa lidar com problemas e lutas, próprios da época onde está inserida a presente geração dos santos.
        Contudo, temos a convicção que muito dos problemas enfrentados hoje na Igreja permanecerão os mesmos até a vinda do nosso Senhor, e já foram visitados e muito bem solucionado à luz das Escrituras por teólogos do passado, e devem ser conhecidos para auxílio no presente, a fim de um contínuo caminhar da Igreja em submissão à Palavra de Deus.
        Nossa compreensão, portanto, é de que nada do que é dedicadamente produzido em submissão à Palavra de Deus e aprovada por Ela, como direcionamento para a Igreja deve ser desprezado. Tal comportamento de desprezo ao passado, tão presente nos tempos atuais em todos os âmbitos, não deve influenciar a Igreja, pois, consiste em tratar com indiferença a atuação do Espírito sob a mente e coração do seu povo.
        O posicionamento arrogante de desprezar a teologia bíblica produzida no passado tem conduzido muitas igrejas locais, a deixarem os acertos e reproduzirem os erros que já foram combatidos à Luz da Escritura. Ao fugirem da tradição bíblica caem muitas vezes na tradição do humanismo que conduziu muitos à apostasia e à queda em períodos conhecidos da história da Igreja.
Tais danos poderiam ter sido evitados se tais igrejas tivessem se mantido atentas à Palavra do Senhor e Sua aplicação ao longo da história, sob a iluminação e condução do Espírito.
        Uma das ações práticas que nos servem de exemplo dramático do que estamos tratando e o desprezo pela confessionalidade, pois os catecismo e confissões do passado carregam em si exatamente esse esforço de expressar de modo bíblico no que cremos e quais as implicações dessas proposições confessionais bíblicas para a Igreja.
        Os credos e as confissões de maneira alguma possuem o mesmo status e plenitude das Escrituras, contudo, nos ajudam a uma interpretação ortodoxa da Palavra de Deus, nos apresentando como a Igreja ao longo de sua história entende, sob a iluminação do Espírito as doutrinas bíblicas.
Ao contrário do que muitos pensam é de praxe na tradição Batista o uso de catecismos e confissões, constituindo assim diretrizes importantes das crenças bíblicas essenciais, e no caso dos documentos batistas particulares dos distintivos da teologia batista pactual. Os documentos de fé serviram ao longo da história como expressões de unidade, prevenção, esclarecimento e proteção contra tantos erros e heresias que emergiram e emergem em oposição ao Evangelho genuíno.
        Ao longo da história da Igreja os documentos de fé: catecismos, credos e confissões, serviram para direcionar o que é comum e ortodoxo dentro do cristianismo bíblico e histórico, mas também, prover orientação teológica em tempos de controvérsia, manter  e lembrar a eles mesmos, aos seus líderes pastorais e mestres, os elementos basilares de nossa fé ao longo da história.3
        Sugel Michelen, analisando a importância da Confissão de Fé de Londres de 1689, diz, que as confissões se fazem necessárias para os seguintes propósitos: 1) para promover a unidade da igreja; 2) proclamação e a defesa da verdade; 3) manutenção de ordem na igreja; 4) avaliar e orientar os ministros da Palavra; 5) dar sentido de continuidade histórica.
        Sendo assim, na tradição protestante os documentos de fé são vistos como a norma que é regida (norma normata) enquanto a Escritura Sagrada a Norma que rege (Norma Normans), deste modo a Confissão de fé, deve ser recebida nos termos que são aprovados pela Escritura, e rejeitada em tudo aquilo que comprovadamente não estiver.
        Os autores deste blog caminham e militam a partir de convicções da tradição batista, mais especificamente, da tradição histórica, reformada e pactual, expressa de maneira muito coerente e biblicamente fundamentada na Confissão de Fé de 1689. Reconhecemos, ao mesmo tempo, que existem outros documentos batistas importantes, portanto, não pretendemos desprezá-los em nossas análises e escritos, contudo, a Confissão de Fé de Londres é reconhecidamente um marco na produção teológica batista, exatamente pelas circunstâncias, necessidades e teólogos que envolvidos em sua produção deram a ela profundidade, minucia e abordagem de temas importantíssimos para a teologia batista e pactual.
        Nossa intenção é por meio da meditação na Escritura e unicamente a partir do crivo dela, resgatar a herança batista destacando os acertos do que foi produzido e também os erros para que não caiamos novamente neles.
        Nosso desejo é que, pela graça de Deus, as produções da Igreja no passado tragam robustez às nossas convicções no presente, e que nossas meditações no presente, corrijam pensamentos não acertados no passado, afim de que nos dediquemos a conhecer e prosseguir em conhecer o nosso Senhor.
Soli Deo Gloria.