Este blog nasce do desejo de três irmãos em Cristo de escrever,
como tema principal, sobre história e teologia batista reformada e pactual, não
com um viés anacrônico e, portanto, desprovido de aplicabilidade; ignorando os
tempos históricos e reproduzindo tudo, inclusive os erros que porventura foram
cometidos ao longo da história batista, mas tentando aprender com o que foi
produzido pelos teólogos do passado.
Não entendemos, portanto, que a teologia produzida no
passado é inerrante ou infalível, somente a Escritura goza de tal status, pois
tem como fonte o próprio, eterno e imutável Deus. Também não achamos que a
teologia produzida hoje, deve ser desprezada ou ignorada, não; ambas as
posturas devem ser evitadas, pois o Senhor ilumina a sua igreja dia a dia para
que a mesma possa lidar com problemas e lutas, próprios da época onde está
inserida a presente geração dos santos.
Contudo, temos a convicção que muito dos problemas
enfrentados hoje na Igreja permanecerão os mesmos até a vinda do nosso Senhor,
e já foram visitados e muito bem solucionado à luz das Escrituras por teólogos do
passado, e devem ser conhecidos para auxílio no presente, a fim de um contínuo
caminhar da Igreja em submissão à Palavra de Deus.
Nossa compreensão, portanto, é de que nada do que é
dedicadamente produzido em submissão à Palavra de Deus e aprovada por Ela, como
direcionamento para a Igreja deve ser desprezado. Tal comportamento de desprezo
ao passado, tão presente nos tempos atuais em todos os âmbitos, não deve
influenciar a Igreja, pois, consiste em tratar com indiferença a atuação do
Espírito sob a mente e coração do seu povo.
O posicionamento arrogante de desprezar a teologia bíblica
produzida no passado tem conduzido muitas igrejas locais, a deixarem os acertos
e reproduzirem os erros que já foram combatidos à Luz da Escritura. Ao fugirem
da tradição bíblica caem muitas vezes na tradição do humanismo que conduziu
muitos à apostasia e à queda em períodos conhecidos da história da Igreja.
Tais danos poderiam ter sido evitados se tais igrejas
tivessem se mantido atentas à Palavra do Senhor e Sua aplicação ao longo da
história, sob a iluminação e condução do Espírito.
Uma das ações práticas que nos servem de exemplo dramático
do que estamos tratando e o desprezo pela confessionalidade, pois os catecismo
e confissões do passado carregam em si exatamente esse esforço de expressar de
modo bíblico no que cremos e quais as implicações dessas proposições confessionais
bíblicas para a Igreja.
Os credos e as confissões de maneira alguma possuem o mesmo
status e plenitude das Escrituras, contudo, nos ajudam a uma interpretação
ortodoxa da Palavra de Deus, nos apresentando como a Igreja ao longo de sua
história entende, sob a iluminação do Espírito as doutrinas bíblicas.
Ao contrário do que muitos pensam é de praxe na tradição
Batista o uso de catecismos e confissões, constituindo assim diretrizes
importantes das crenças bíblicas essenciais, e no caso dos documentos batistas
particulares dos distintivos da teologia batista pactual. Os documentos de fé
serviram ao longo da história como expressões de unidade, prevenção,
esclarecimento e proteção contra tantos erros e heresias que emergiram e emergem
em oposição ao Evangelho genuíno.
Ao longo da história da Igreja os documentos de fé:
catecismos, credos e confissões, serviram para direcionar o que é comum e
ortodoxo dentro do cristianismo bíblico e histórico, mas também, prover
orientação teológica em tempos de controvérsia, manter e lembrar a eles mesmos, aos seus líderes
pastorais e mestres, os elementos basilares de nossa fé ao longo da história.3
Sugel Michelen, analisando a importância da Confissão de Fé
de Londres de 1689, diz, que as confissões se fazem necessárias para os
seguintes propósitos: 1) para promover a
unidade da igreja; 2) proclamação e a defesa da verdade; 3) manutenção de ordem
na igreja; 4) avaliar e orientar os ministros da Palavra; 5) dar sentido de
continuidade histórica.
Sendo assim, na tradição protestante os documentos de fé são
vistos como a norma que é regida (norma
normata) enquanto a Escritura Sagrada a Norma que rege (Norma Normans), deste modo a Confissão
de fé, deve ser recebida nos termos que são aprovados pela Escritura, e
rejeitada em tudo aquilo que comprovadamente não estiver.
Os autores deste blog caminham e militam a partir de
convicções da tradição batista, mais especificamente, da tradição histórica,
reformada e pactual, expressa de maneira muito coerente e biblicamente
fundamentada na Confissão de Fé de 1689. Reconhecemos, ao mesmo tempo, que
existem outros documentos batistas importantes, portanto, não pretendemos
desprezá-los em nossas análises e escritos, contudo, a Confissão de Fé de
Londres é reconhecidamente um marco na produção teológica batista, exatamente
pelas circunstâncias, necessidades e teólogos que envolvidos em sua produção
deram a ela profundidade, minucia e abordagem de temas importantíssimos para a
teologia batista e pactual.
Nossa intenção é por meio da meditação na Escritura e
unicamente a partir do crivo dela, resgatar a herança batista destacando os
acertos do que foi produzido e também os erros para que não caiamos novamente
neles.
Nosso desejo é que, pela graça de Deus, as produções da
Igreja no passado tragam robustez às nossas convicções no presente, e que
nossas meditações no presente, corrijam pensamentos não acertados no passado,
afim de que nos dediquemos a conhecer e prosseguir em conhecer o nosso Senhor.
Soli
Deo Gloria.